quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

UM BALANÇO SOBRE NOSSO TRABALHO

Durante os últimos três meses, você acompanhou, aqui no Imagine Viver Sem, o surgimento e desenvolvimento de várias invenções que, aos poucos, foram se tornando indispensáveis em nossas vidas. O computador é, sem dúvida, uma das mais importantes na atualidade. Sem ele, este blog não existiria e o modo de nos comunicarmos tão instantaneamente como fazemos hoje em dia, como através do MSN, por exemplo, ficaria comprometido. Sem nossos PCs e a energia elétrica nós também não teríamos acesso aos nossos vídeos preferidos do YouTube.

A correria imposta a nós pelo ritmo frenético da sociedade contemporânea fez também do relógio um instrumento extremamente importante para todos. E o que dizer do telefone e do automóvel, então? Apesar de tanta pressa, às vezes conseguimos parar um pouco e admirar as belezas existentes à nossa volta. Nesses momentos, nada como pegar aquela câmera digital de última geração e tirar várias fotografias das paisagens. Afinal, cada vez mais os avanços da tecnologia permitem que esses equipamentos tão úteis comportem centenas, e até milhares, de arquivos, como é o caso do pen drive.

Alguns inventos são destinados a um público bastante específico – o absorvente, além de ter como objetivo somente as mulheres, acompanham-nas não pela vida inteira, mas entre a adolescência e grande parte da vida adulta. Outras invenções, pelo contrário, não são ainda tão populares, mas seu uso tende a crescer e a atingir o maior número de pessoas: o GPS é um deles. Se hoje ele ainda é algo distante da sua realidade, num futuro bem próximo você provavelmente vai usá-lo tanto quando já usa seu laptop e seu celular, a fim de se localizar facilmente, especialmente nos grandes centros urbanos.

Após todo esse percurso por entre invenções e inovações muito antigas ou muito novas, a equipe do Imagine Vive Sem aproveita para dizer que foi muito bom tratar de todos esses inventos ao longo desses três meses. Com certeza, nós também aprendemos muito com as pesquisas que fizemos e as histórias que as pessoas nos contaram sobre a relação delas com esses objetos e equipamentos que vieram para ficar. Entretanto, com esta postagem, o Imagine Viver Sem paralisa suas atividades, momentânea ou definitivamente. Tudo vai depender do volume das nossas atividades no próximo semestre letivo. De qualquer forma, o blog continuará sempre aberto a visitas e comentários de todos vocês que curtem invenções. Até uma próxima oportunidade!

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

DA TRADIÇÃO À PRATICIDADE

No post anterior, falamos um pouco sobre a história do absorvente. Hoje, é a vez de contar a história de uma pessoa e sua relação com essa invenção tão importante e indispensável para as mulheres.

Sempre gostei muito conversar e ouvir histórias, principalmente contadas por pessoas mais velhas. Sentar no sofá da sala com uma de minhas avós (porque a outra, infelizmente, já morreu) e ouvir suas “histórias de outrora”, por horas a fio, sempre foi uma grande diversão. Essa minha avó se chama Marieta e tem 89 anos. Em uma de nossas longas conversas, saiu o assunto sobre a intimidade feminina e o absorvente foi uma das coisas sobre a qual nós conversamos. Sabendo que ela tinha algumas coisas para falar, resolvi ligar para ela há algumas semanas e pedi para que ela me contasse mais sobre esse tema.

Ela começou falando que essa questão do universo feminino, em sua juventude (passada nos anos 30 e 40), ainda era um grande tabu. Era um assunto muito complicado de se conversar entre amigas e até mesmo entre mãe e filha. No caso dela, foi ainda mais difícil, já que era a filha mais velha e essa situação era nova para sua mãe. Na verdade, nunca chegaram, de fato, a discutir esse tipo de coisa. Minha bisavó orientou sobre o que minha avó deveria fazer quando sua “menarca chegasse” (sim, foi exatamente essa a palavra que minha bisavó utilizou na época), mas sem delongas na conversa.

Minha avó também contou que, em sua época, eram as toalhinhas higiênicas (aquelas do post anterior) que resolviam o problema. É verdade que naquelas décadas o absorvente descartável já começava a aparecer nas prateleiras dos mercados e das farmácias, mas em cidades pequenas e de interior, a tradição das toalhinhas ainda falava mais alto. Essas toalhinhas poderiam ser compradas em lojas de roupas (geralmente aquelas que vendiam roupas íntimas) ou, então, feitas em casa mesmo. Como costurar em casa era um costume muito comum (e necessário) naqueles tempos, fazer as toalhinhas em casa era normal. Comprava-se um pano que fosse confortável (algodão, por exemplo) e que tivesse uma boa absorção, para fazer os absorventes. Nas palavras de minha avó, “funcionava como uma espécie de fraldinha”.

Esse hábito de não comprar nas farmácias e mercados as versões descartáveis dos absorventes era também por conta do tabu. Uma mulher entrar em um desses lugares e sair com um pacote de Modess era uma vergonha e um constrangimento muito grande. Era uma espécie de violação da intimidade feminina, ainda mais em cidades pequenas, em que as pessoas se conhecem e ficam de olho na vida dos outros. “As moças tinham medo de se encontrar com rapazes e eles as virem com pacotes de absorventes nas mãos. Isso era um constrangimento sem tamanho! Era tornar pública a sua intimidade!”

Os anos foram passando e essa realidade se modificou. A praticidade acabou passando um pouco por cima de uma tradição e os absorventes descartáveis passaram a fazer parte do cotidiano feminino. Sobre essa parte, vovó finalizou: “ter um pacote de Modess era tão mais prático e higiênico, que as garotas deixavam o pudor um pouco de lado e acabavam comprando os pacotes nas farmácias e mercados. Mas, no momento da compra, sempre tomavam um importante cuidado: iam somente quando os rapazes não estavam por perto!”.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

O COMPANHEIRO DE TODO MÊS

Muitas mulheres ainda sentem certo constrangimento só de pensar em ir naquela prateleira do supermercado, na seção de higiene pessoal, para pegar aqueles “benditos” pacotinhos. As marcas são as mais diversas possíveis, todas elas oferecem inúmeras vantagens e prometem muito conforto. No interior desses “benditos” pacotinhos, estão a ajuda mais bem-vinda (e higiênica também!) que as mulheres precisam durante certo período de cada mês. Estamos falando dos absorventes.

Hoje, em supermercados e farmácias, você acha um mundo de possibilidades em se tratando de absorventes: possuem diferentes tamanhos, diferentes formatos (se adaptando à anatomia do corpo feminino), alguns possuem abas, outros não, alguns servem para ser usados durante a noite, outros são internos... O que não falta é opção, no que diz respeito aos absorventes descartáveis. No entanto, nem sempre foi assim.

No tempo de nossas avós, por exemplo, o uso de absorventes descartáveis não existia. Por milhares de anos, a proteção menstrual funcionava de maneira bastante simples: uma faixa de material macio e absorvente segurada por cordões ou cintas. Até o início do século XX, mais precisamente até o período da Primeira Guerra Mundial, era comum a utilização das chamadas toalhinhas higiênicas que, após serem usadas, poderiam ser lavadas e utilizadas novamente. No Brasil, por exemplo, até a década de 1950, existiam indústrias fabricantes dessas toalhinhas. Elas eras feitas de um tecido que vinha dobrado em três partes largas e grossas.

(imagem presente no site Saúde Integral)

Os anos de 1930 foram aqueles em que os absorventes descartáveis começaram a ser comercializados no Brasil. Nessa época, a empresa de utensílios médicos Johnson & Johnson lançou no país o famoso Modess (que viraria uma espécie de sinônimo para a palavra absorvente). E isso tudo aconteceu em um contexto em que a intimidade feminina e, sobretudo, a menstruação consistiam em temas delicados de se discutir abertamente.

No período da Segunda Guerra Mundial, o cotidiano feminino mudou de maneira substancial. Foi nessa época que a emancipação das mulheres começou a se configurar e elas passaram a ocupar os postos de trabalhos deixados pelos maridos por conta da guerra. Esse contexto de menor repressão permitiu, por exemplo, que o uso de absorventes internos – visto de maneira preconceituosa no início do século – se tornasse mais popular e comum.

(imagem presente no site FarmaViver)

Curiosamente, esse tipo de absorvente é bastante antigo (as mulheres egípcias e as assírias, por exemplo, utilizavam versões com papiro) e já vinha sendo usado há milhares de anos, em diferente épocas e por diferentes civilizações. No Brasil, o absorvente interno descartável foi lançado somente em 1974. Nesse mesmo ano, a Johnson & Johnson lançou o primeiro absorvente que se fixava na roupa íntima feminina.


A história do absorvente vem sendo paralela à da mulher. Ele acompanhou os processos de mudanças do cotidiano feminino, se adaptando sempre às novas condições e tentando oferecer cada vez mais conforto e bem-estar às mulheres. É por isso que ele é o companheiro de todas as horas. Ou, pelo menos, nas horas daqueles dias!